Cenas Passadas
A Solidão da Casa do Regalo
22ª Produção
Estreia: 14/11/2003
Carreira: Portimão, Olhão, Loulé, Albufeira, Lagos, Tavira, Faro, Vila Real de Sto. António, Praia da Vitória, São Brás de Alportel
Monte Brasil (Angra do Heroísmo). Voltada para a baía, a casa é um regalo para os olhos. Menos para D. Afonso VI, exilado e espoliado da esposa e do reino. Partilha os dias e as noites com a solidão e com o seu pajem. Coxo, doente, envelhecido, D. Afonso é a máscara de todas as desolações. E, no entanto, tem apenas 33 anos. Vive sobre o arame da loucura e do pânico. Não distingue a luz da sombra ou mesmo da escuridão. Hesita entre ser criança e adulto; entre ser virtuoso e perverso, entre estar louco ou lúcido. O pajem é o seu espelho mais próximo. E também o seu bordão. A ele se arrima sempre que chega ao cume da loucura. É o que lhe resta de afecto e de capacidade para conviver ou exorcizar os seus fantasmas. Por isso, chega a perder-se a fronteira que separa a lucidez de um da loucura do outro.
Classificação Etária: Maiores de 16 anos
Ficha Artística, Técnica e de Produção
Texto: Álamo Oliveira
Dramaturgia e Encenação: Paulo Moreira
Cenografia e Execução: Tó Quintas
Concepção Plástica: Luís Vicente
Música: Henry Purcell
Intérpretes: João Rocha e Luís Vicente
Vozes Off: Glória Fernandes, Jorge Soares, Luís de A. Miranda, Luís Vicente, Mário Spencer e Paulo Moreira
Figurinos e Execução: Esmeralda Bisnoca
Desenho de Luz: Noé Amorim
Direcção Técnica: Noé Amorim
Direcção de Produção: Luís Vicente
Destaque de Imprensa
“Mais uma vez a ACTA está de parabéns. Primeiro, por trazer a público mais um dramaturgo português, o que é manifestamente um trabalho de divulgação cultural e de apoio à criação artística nacional numa área tão carenciada de recursos humanos; segundo, porque a qualidade estética, plástica e técnica dos seus espectáculos, a manifesta inteligência colocada em cada trabalho, está bem acima da média, o que contribui para elevar a fasquia cultural do público - isso é educar e formar; terceiro, por continuar a ser a companhia de referência do Algarve, tendo o inegável mérito de se afirmar como a vanguarda cultural de uma região pobre e esquecida, a que faltam políticas culturais consistentes que valorizem a qualidade de vida dos seus habitantes - esse é um trabalho cívico e de cidadania que revela bem a consciência do que é bem servir o colectivo, o que é impagável."
Reinaldo Barros, Postal do Algarve, 18/12/03
“O espectáculo conta com as excelentes interpretações de Luís Vicente (como Afonso VI) e João Rocha (como Pajem). O primeiro apresenta-nos um excelente trabalho de actor ao interpretar uma personagem rica em contrastes físicos e psicológicos. Divertiu, chocou, emocionou, sem nunca cansar, tendo em conta que a personagem em questão é relativamente constante. Uma grande interpretação.
Por seu lado, o jovem actor João Rocha (...) presenteou-nos com uma magnífica interpretação de um jovem pajem de dezasseis anos, cheio de conflitos provenientes de uma juventude precocemente castrada.”
Patrícia Amaral, Postal do Algarve, 22/01/04