Othello
33ª Produção (Co-Produção com Companhia de Teatro de Almada/Teatro Nacional D. Maria II/Teatro da Trindade)
Estreia: 26/11/2005

ACTA - Othello ACTA - Othello ACTA - Othello

Carreira: Faro, Lisboa

Othello foi representada pela primeira vez a 1 de Novembro de 1604. É considerada a mais íntima das tragédias shakespereanas no sentido em que não trata da queda dum rei ou da desgraça duma nação, da agonia dum príncipe ou das contradições entre o amor e o dever; trata sim, do fim trágico de um enlace amoroso e de como um marido se torna o assassino da sua esposa.
Shakespeare concentrou-se nos pormenores: a intimidade erótica da atracção mútua entre Othello e Desdémona; as particularidades sinistras da táctica de Iago; a ironia trágica de Desdémona intercedendo por Cássio caído em desgraça junto de Othello; o incidente do lenço casualmente perdido; o assassínio de Desdémona e o suicídio de Othello.
A grandeza moral de Othello, a inocência de Desdémona e a perversidade de Iago são os motores do drama que, inexoravelmente, desde o bem-estar inicial, passando pelas crises, se dirige para a catástrofe final.

Classificação Etária: Maiores de 12 anos

Ficha Artística, Técnica e de Produção

Texto: William Shakespeare
Tradução: Yvette Centeno
Encenação: Joaquim Benite
Cenário: Jean-Guy Lecat
Desenho de Luz: José Carlos Nascimento
Figurinos: Sónia Benite
Assistência de Encenação: Victor Gonçalves
Intérpretes: André Gomes, Francisco Costa, Joana Fartaria, João Jonas, Luís Vicente, Mário Spencer, Marques D’Arede, Miguel Martins, Rita Cruz, Teresa Gafeira e João Evaristo ou Carlos Ramos
Contra Regra: Ana Gabriel
Montagem: Montijo, Horta
Técnicos de Cena: Didier Francisco, Isidro Brás, Luís Sousa
Direcção de Montagem: Carlos Galvão
Produção: Paulo Mendes
Costureiros: José Carlos, Maria João Santos
Fotografia: João Jonas, J. Frade e Telma Veríssimo
Assistente de Produção/Relações Públicas: Ana Aleixo
Direcção de Produção: Homero Flor, Luís Vicente e Victor Gonçalves

Destaque de Imprensa

“O meticuloso contraste de registos - brilhante no maquiavelismo farsesco do Iago de Luís Vicente -, a transparência da locução e a gestão rigorosa de tão contrárias emoções permitem a cada actor uma superior inteligência da teia shakespeariana, não reduzida aqui a um olhar engajado, mas indexada ao processo dramático que a estrutura: a tortuosa e destrutiva manipulação que o despeito de Iago concebe (veja-se a trabalhada evolução do Otelo de Mário feminismo da Emília de Teresa
Gafeira).”
Miguel-Pedro Quadrio, Diário de Notícias, 11/12/05

“O espectáculo Othello, de W. Shakespeare, encenado por Joaquim Benite, que estreou em Novembro passado no Teatro Lethes, numa co- produção da ACTA com a CTA- Companhia de Teatro de Almada, foi nomeado para o “Globo de Ouro”, na categoria de Teatro/ Melhor Espectáculo. (…) Luís Vicente, que em Othello foi o intérprete de lago, está nomeado para o “Globo de Ouro” na Categoria de Teatro/ Melhor Actor.
A voz de Loulé, 15/05/06

“Joaquim Benite escolheu um belíssimo teatro “em Ferradura” à italiana, construído por um arquitecto italiano, e transformado pelo cenógrafo Jean-Guy Lecat- habitual colaborador de encenadores tais como Peter Brook, Luca Ronconi, Jean- Louis Barrault-, e que mais do cenógrafo deve ser definido como um arquitecto do espaço teatral. (…) O encenador escolheu também a funcional tradução de Yvette
K. Centeno, despida de artíficios e bastante directa, para criar “o acontecimento Othello”, transfigurando a ópera numa tragédia de câmara, que evolui debaixo
dos olhos curiosos do público. (….) Disto isto, devemos descer ao pormenor para sublinhar que o Othello de Mário Spencer, jovem actor negro com um porte físico de General da Marinha, no seu primeiro papel de protagonista, se deixou tomar em demasia pelo sentimento proveniente do ciúme, oferecendo-nos uma personagem marcada frequentemente pelo choro. Luís Vicente desenhou um lago de multíplices valências e ambiguidades, de grande eficácia interpretativa: um lago deus ex machina dos factos trágicos disseminados na tragédia.
Mário Mattia Giorgetti, Sipario

“Ao situar a acção durante a Primeira Guerra Mundial, Joaquim Benite sublinha a justeza e a recorrência histórica desta peça, acentuando o espaço fechado masculino e militar e interessando-se mais pela noção de humilhação e de ferida narcísica do que pelo ciúme amoroso. (…) Benite apresenta-nos um Othelo quase estereotipado, atormentado por um ciúme cego (mais devido às suas origens africanas do que à sua condição masculina) e subtilmente interpretado pelo actor angolano Mário Spencer; uma Desdémona (Joana Fartaria) ténue, frágil, ao mesmo tempo dócil e obstinada, que quase sem alarde assume a sua paixão e a sua morte. A fala que pode ser vista como um panfleto precursor do feminismo é dita por Emília, esposa de lago e confidente de Desdémona (mostrando Teresa Gafeira no seu papel uma bela criatividade).
(…) Iago é a personagem mais complexa. (…) A interpretação de Luís Vicente, director da ACTA, que já em 1993 tinha interpretado este papel, transmite ao público, com virtuosismo, uma empatia ambígua com a personagem, expondo com finura a argumentação duma preferência de tipo “social” a que teria direito para legitimar a astúcia e a calúnia. Põe assim complexamente em confronto os dois mundos encarnados por Othello e Desdémona.”
Le Monde Diplomatique, 01/01/06